DATA

sábado, 14 de maio de 2016

PENTECOSTES – ANO C, LUCAS

Cor Litúrgica: Vermelha

Leituras: At 2,1-11; Sl 103; 1Cor 12,3b-7.12-13; Jo 20,19-23

POESIA

 Ele é o mesmo em todo tempo

Presente desde o início,
Está o santificador,
Nas águas da criação,
Presença viva de amor,
Que conduziu os profetas,
Nas suas lutas e alertas,
Junto ao povo sofredor.

Presente está em Maria,
Na sua anunciação,
Quando de um menino,
Que traria salvação,
Presente também José,
Que fez o caminho a pé,
Nos tempos de perseguição.

Presente também em Jesus,
No batismo e no deserto,
Na caminhada do povo,
Dizendo o caminho certo.
Nos encontros de alegria,
Na vida de cada dia,
Um Deus sempre muito perto.

Presente na ressurreição,
Como sopro de alegria,
Vencendo o medo e o desânimo,
Que nos discípulos estaria.
Fazendo um caminho novo,
Junto a multidão do povo,
Igreja que já nascia.

Presente em Pentecostes,
Ao mundo manifestado,
Para as diversas culturas,
Para o mundo anunciado,
Dom de amor incomparável,
Imenso e insondável,
Deus de amor ilimitado.

Presente em nós cristãos,
Com força e santa alegria,
Com inumeráveis dons,
Que o caminho nos guia,
Que nos tira da tristeza,
Que nos dá a fortaleza,
Na vida de cada dia.

                                                                     HOMILIA

Manifestação pública do Espírito Santo

Celebramos neste domingo a descida do Espírito sobre a Igreja nascente, agora não somente sobre os apóstolos, mas também sobre as nações e culturas as quais compreendem a mensagem do amor e da fé em sua própria língua. O que era antes uma experiência do grupo dos apóstolos, agora se expande pelo mundo com o sopro e o fogo do Espírito Santo. O que estava preso a um grupo de homens e mulheres que conviveram com Jesus na terra agora é manifestado para aqueles que abraçaram a fé por milagres, pelas pregações e pelo testemunho corajoso dos discípulos do Senhor. Pentecostes é o ápice do Tempo Pascal por que inicia o tempo da Igreja, tempo este que já na ascensão estava se iniciando, pois o mesmo Senhor que sobe aos céus está presente no meio de nós, na total doação de seu Corpo e Sangue, pela sua Palavra e pelos os dons oferecidos aos que se tornam também o Corpo de Cristo no mundo.
O Evangelho de João nos faz memória da ressurreição quando os discípulos ainda estão profundamente marcados pelo medo, fechados em si e no espaço físico (cf. Jo 20,19). A alegria renasce quando o Senhor traz a paz para o grupo, que ao mesmo tempo é enviado para a missão, com o objetivo de anunciar ao mundo o Reino de Deus. A partir desta experiência, de encontro com Cristo ressuscitado, todos os que ali estavam reunidos ganham força e coragem para caminharem pregando a experiência da ressurreição.
            Na primeira leitura (At 2,1-11) temos a narração de Pentecostes, quando todos os discípulos estavam reunidos e então há a manifestação do Espírito Santo, um fenômeno diferente o qual os discípulos ainda não tinham presenciado. “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava” (2,4). Aquilo que o Senhor anunciou nas suas aparições antes e depois da ressurreição agora se concretiza, pois a manifestação do Espírito Santo agora é para que os seus discípulos anunciem ao mundo a Boa Notícia do Reino nas diversas culturas, línguas, realidades e recantos do mundo. Por isso que o Espírito Santo não tem limites, sopra onde quer (cf. Jo 3,8), vai aonde quer como quer e oferece sua luz e força a quem ele quiser, desde que os convocados na sua liberdade queiram receber a sua presença. Também podemos dizer que é exatamente a sua ilimitada manifestação com suas diversas formas atemporais que age além das nossas expectativas humanas e barreiras geográficas. Foi esta verdade anunciada e constatada na Igreja em toda a Tradição cristã, que conseguiu chegar a nós em pleno século XXI. Foi a experiência de abertura para a missão dos primeiros cristãos que carregados da fé corajosa, conscientes e às vezes também com marcas humanas de fraquezas, fez a messe do Senhor crescer e dar frutos se espalhando pelos imensos espaços do mundo até nossos dias.
Há outra dimensão da ação do Espírito Santo que merece a nossa reflexão, apresentada na 2ª leitura da liturgia deste domingo: “Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos.” (1Cor 12,4-6). São Paulo nos fala da manifestação do Espírito Santo em cada um de nós. São os dons oferecidos aos que se deixam conduzir pela ação de Deus e do seu Espírito. Os Cristãos como membros de um mesmo corpo recebem dons para colocarem a serviço do bem comum. É isto que faz a beleza e a ilimitada ação na Igreja e no mundo, pois somos membros que agem com diferentes serviços para que a vida de Deus esteja presente em todos os homens. Quantos dons temos a oferecer a Deus desde o simples acolher na porta do templo, do cantar, preparar o altar, pregar para o povo, coordenar o grupo, animar as comunidades e grupos, visitar as famílias... E para fora dos espaços da Igreja, quantas capacidades podem ser oferecidas para levar Deus e sua Palavra no cuidado quando estamos a evangelizar... Também a arte de compor uma música, de cantar, de fazer um poema, dar aulas e palestras, escrever uma matéria, defender a vida nos espaços políticos e sociais, escolas e meios culturais... Tudo isso são dons do mesmo Espírito o qual estava no início da criação, que falou pelos profetas, que anunciou a Maria a encarnação do verbo, que esteve presente no batismo de Jesus e o conduziu ao deserto e a sua missão, animou os apóstolos após a ressurreição, que desceu em pentecostes e que impulsionou a Igreja na propagação do Evangelho no decorrer dos séculos até os nossos tempos. E em quantas realidades primordiais podemos certificar a presença do Espírito Santo, tais como nos sacramentos, no chamado vocacional, na missão, nos nossos trabalhos pastorais etc.

Agradeçamos a Deus pelos tantos dons do Espírito Santo oferecidos à Igreja para o serviço do Reino. E quanto a nós devemos sempre nos manter na convicção de que tudo aquilo que vivemos e fazemos para o bem maior, é pela força do Espírito Santo, que é Deus, a alma da Igreja, Senhor que dá a vida, que renova a face da terra e que nos santifica na vida de seguidores e seguidoras do Senhor Ressuscitado.